sexta-feira, 22 de abril de 2016

Celebrar a vida!!

Porque hoje estás de parabéns, porque toda esta caminhada não faria sentido se não estivesses ao meu lado, e porque és a melhor mãe do mundo!
Obrigada por me continuares a dar o melhor colinho (apesar dos meus 28 anos) e por nunca largares a minha mão, especialmente agora, nesta "curva apertada da vida".







Sei que vais odiar estas fotografias, mas não te chateies comigo, o tempo não deu para mais.
Aos meus olhos és bonita sempre e de qualquer maneira!

Feliz aniversário mamã!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ufa!!

Depois do meu último post, do fim de semana em Lisboa e do regresso ao Norte, a ideia era passar por cá, com calma, e contar as últimas novidades. No entanto, fui surpreendida por um imprevisto... Chamemos-lhe acidente de percurso. Mas o melhor é começar do início.

Uns dias depois do último ciclo de quimioterapia, recebi a notificação para a consulta de radioterapia. Sabia que não poderia fazer radio antes de fazer exames médicos que verificassem o estado do "bicho" e facilmente percebi que seria uma consulta onde me seria explicado como se processa o tratamento. Tal como previa, a médica que me recebeu explicou-me tim-tim por tim-tim todo o processo, marcou-me os tais exames (PET e mais um exame para avaliar a função cardíaca pós quimio) e a próxima consulta de radio, que se pretendia fazer coincidir com o primeiro dia de tratamento. 
Esse dia seria hoje, quarta-feira, dia 20.

No início da semana passada, andava eu feliz e contente na minha vidinha, quando me ligam do IPO a marcar uma consulta com a Dra Ilídia, a minha "médica da quimio", como costumo dizer. Uma consulta completamente inesperada, uma consulta urgente. 
A partir deste momento senti tudo a desmoronar... Era óbvio que algo tinha corrido mal. Fiquei profundamente decepcionada, como se o meu esforço para preservar a coragem, a minha luta, tivesse sido em vão.
Como tinha realizado análises ao sangue no dia em que fiz um dos exames pedidos pela "médica da radio", não compreendi a razão pela qual a Dra Ilídia tinha pedido para realizar mais análises, com apenas 4 dias de diferença. Este facto suscitou-me ainda mais dúvidas e decidi contactá-la no dia seguinte, via telefone. Chamada para trás, chamada para a frente, lá consegui que atendesse. A nossa conversa foi breve, mas longa o suficiente para eu perceber a gravidade da situação: a PET deu um resultado menos bom, o meu caso precisava de uma re-avaliação e ela precisava de me examinar e conversar um pouco comigo. Perguntei-lhe, com a voz embargada, se existia a possibilidade de voltar a fazer quimio... Não me disse que sim nem que não, só que precisava que lá estivesse na sexta, de preferência a tempo de repetir as análises.

Se nesse momento senti uma espécie de alívio, por ter obtido informação mais concreta, no momento seguinte voltei a ficar agoniada. Foi um soco, um murro no estômago. A nossa conversa caiu-me tão mal... foi como se me tivessem dito "tens outro cancro e voltamos à estaca zero". Os dias que se seguiram foram péssimos. Penso que a minha preocupação, ansiedade, angústia estava estampada no meu rosto, na minha voz e por isso isolei-me, não atendi telefones, não respondi a mensagens... A véspera da consulta foi o culminar de todo o stress. Apercebi-me de como esse estado é prejudicial para a minha saúde, mental e física, e como acentua o desequilíbrio que já existe. Valeram-me os anjinhos de sempre! 

O tempo nunca passou tão devagar... Mas a hora H chegou e há que enfrentar o touro pelos cornos! A consulta que estava marcada para as 11 da manhã aconteceu quase às 2 da tarde. Sim, 3 horas de atraso! Oh sorte!!

Finalmente fiquei a saber o que realmente se passava. O resultado da PET era semelhante ao resultado que obtivemos ao fim de 4 ciclos, só que desta vez o sinal era mais intenso, o que, à partida, significaria mais atividade tumoral. No entanto, a probabilidade de ser um falso positivo é grande, ou seja, há sinal mas esse sinal pode dever-se a outra coisa que não a doença (à inflamação no local devido à morte das células malignas, por exemplo). Chegando a este ponto, há uma questão que se impõe: como podemos ter a certeza se ainda é, ou não, doença? A certeza absoluta só poderia ser dada por uma biópsia. Mas fazer uma biópsia nesta altura, em que o linfoma já está tão pequeno, é muito difícil (já foi inconclusivo quando ele tinha 11 cm). 
Essa hipótese não fica excluída mas é aqui que se torna evidente a importância de ser vista pela médica. Ela precisava de me ver e examinar para tirar a prova dos nove. Se eu tivesse chegado lá a dizer que estava mal, que tinha este e aquele sintoma e que não andava bem, a médica poderia facilmente concluir que a doença persistia e continuava a causar mossa. Como cheguei lá toda "fresca", a dizer que já me tinha inscrito no ginásio, que já corria 15 minutos seguidos e que andava mesmo bem disposta, então o caso muda de figura. São bons sinais, bons indicadores.
Depois de muitas perguntas, muitas notas tiradas, mandou-me fazer um raio x antes de me ir embora. No dia da reunião de grupo, vários médicos vão analisar o resultado dos vários exames e vão decidir que caminho vamos seguir: radioterapia, continuação da quimioterapia, ou biópsia.

Quando saí daquele consultório senti que me saiu um grande peso dos ombros. A mim, à minha mãe e ao meu pai, que me acompanharam na consulta. A todos os que estavam a par da situação. Afinal nem tudo era tão negro como pensávamos.

A reunião de grupo aconteceu hoje, dia 20. Penso que ainda esta semana será marcada alguma consulta. Com a médica da radio, ou com a médica da quimio, logo se verá!

Até lá, continuarei na minha vidinha, vidinha de quem está a recuperar aquilo que há uns tempos estava suspenso. 

O cabelo começou a crescer (muito fininho), as sobrancelhas e as pestanas, que quase desapareceram, voltaram. As unhas, que se tornaram escuras durante o tratamento, recuperam a sua cor. Aquele inchaço generalizado provocado pelos medicamentos, diminuiu. Sinto-me mais leve, sinto-me cheia de energia, pronta para abraçar a vida como nunca abracei. Afinal já passaram 6 semanas desde a última quimio! 




quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sim, calma, estou mais viva que nunca!

A pedido de várias famílias... Estou de volta! Admito que tenho sofrido de preguicite aguda e tenho adiado a minha passagem por cá. O meu post de hoje não vai ser extenso, passei mesmo para dar um alô. Acabo de sair do IPO, onde fui fazer mais uma PET, e estou no aeroporto do Porto, a fazer tempo para o voo para Lisboa. 

Devagar, bem devagarinho, a minha vida começa a regressar ao normal. Quatro semanas após a última quimioterapia sinto-me muito bem. O bastante para voltar à minha rotina, aos hábitos que tinha e preenchiam a minha vida antes de surgir o linfoma. 

Primeiro, voltei a estudar, fui à faculdade fazer exame de Virologia a semana passada. Tive bastante tempo para me preparar e apliquei-me bastante, mas fui atraiçoada com a sensação de que o tempo era muito e mais do que suficiente para atingir o meu objetivo. Resultado, nos dias que precederam o exame estava uma pilha de nervos e fartei-me de me culpar por não ter aproveitado melhor o tempo. Ainda assim, o exame correu bem e obtive uma excelente nota! Quando me comunicaram o resultado, senti uma grande satisfação, a minha primeira vitória deste ano letivo!

O meu regresso à normalidade fica marcado também pela prática de exercício físico, que se tornou regular, e pelo facto de estar apta a viajar em transportes públicos. Este último motivo impede-me de escrever mais neste momento. Avizinha-se um fim de semana soalheiro (espero) em Lisboa, recheado de reencontros com velhos e bons amigos, muito amor, muitos passeios, muitas coisas boas! 

No regresso prometo contar-vos, com mais pormenor, as novidades dos meus dias, incluindo os detalhes médicos, como a consulta com a médica da radioterapia e o início deste tratamento.

Por agora deixo um grande beijinho a todos os que me seguem e vão procurando saber de mim das mais variadas formas.

Vou ali ser feliz e volto já!