quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Dia Mundial da Luta Contra o Cancro






"Para muitos é só mais um dia. Para outros é mais um dia sim, mas de esperança, um dia de luta, um dia de fé, um dia de motivação."


Sendo hoje o Dia Mundial do Cancro, ou da luta contra o cancro, não poderia deixar de falar sobre ele. Confesso que este dia sempre me passou ao lado. Entendia-o como um dia em que era assinalada a doença e se lembravam as pessoas que lutam contra ela, ponto. Hoje, alcancei uma perspectiva completamente diferente da que tinha e, penso eu, que a maioria das pessoas têm. Atrevo-me a dizer que o Dia Mundial do Cancro devia ser como o Natal, todos os dias e quando o Homem quiser. Porquê? Porque hoje é um dia de consciencialização, sensibilização, alerta e intervenção. O objetivo deste dia é atrair as atenções para a doença, mas mais do que isso, para tudo o que está ao nosso alcance fazer por ela. É dia de, concertadamente, encorajar a sociedade, os governos, os profissionais a investir na prevenção, detecção precoce e acessibilidade ao tratamento.

Hoje saiu com o Jornal de Notícias uma pequena revista, a "Onco Atual", que reúne algumas entrevistas e artigos de opinião de especialistas da área. Um desses artigos, elaborado pela presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, aborda o cancro de uma forma global, explorando números e estatísticas relacionados com incidência e mortalidade. A informação contida neste artigo, clara e sucinta, é um abre olhos para o leitor. Por esse motivo, pensei que seria bom partilha-la aqui.

Então cá vai.

Sabiam que...

·   Surgem no mundo 14 milhões de novos casos de cancro por ano? Morrem, todos os anos, cerca de 8 milhões de pessoas vítimas de cancro, sendo que 4 milhões de mortes ocorrem em idade prematura (30-69 anos). Os avanços na tecnologia, que proporciona mais conhecimento sobre a doença e avanços nos tratamentos, duplicaram as taxas de sobrevivência nos últimos 40 anos. No entanto, estima-se que em 2025 as mortes em idade prematura devido ao cancro aumentem para 6 milhões.

·    Em Portugal, o cancro é a segunda maior causa de morte, mas a primeira de mortes prematuras abaixo dos 65 anos?

·    25% dos cancros são evitáveis? Como? Apostando na prevenção primária e secundária.

Passo a explicar:
- A prevenção primária diz respeito ao controlo dos fatores de risco: tabaco, álcool, regime alimentar desequilibrado, sedentarismo, entre outros. Por exemplo, só o tabaco é responsável por 20% dos cancros. Destes 20%, 70% são cancros do pulmão. Outro fator causador de cancro são as infeções virais. O papiloma vírus humano (HPV), um dos agentes responsável pelo cancro do colo do útero, cancro na cavidade oral e orofaringe, causa 20% das mortes por cancro. O álcool e obesidade são também dois fatores de risco de enorme relevância no desenvolvimento de tumores.
- A prevenção secundária, por sua vez, é feita através de rastreio e diagnóstico precoce. 

É urgente um investimento na luta contra o cancro. Um investimento financeiro e ao nível das políticas de saúde que assegurem, em tempo útil, tratamentos de primeira linha a todos os indivíduos e a promoção de rastreios nacionais que permitam que cancros rastreáveis sejam, efetivamente, rastreados. Se isso se traduzir numa intersecção da doença, num tratamento em fase de pré-malignidade, todo o mundo sai a ganhar. É dinheiro que não se gasta e, por isso, justifica o dinheiro que se investe. 

Investir em programas educacionais, aumentar a literacia da população é outra medida urgente. "Só conhecendo o cancro podemos lutar eficazmente contra ele!". Neste ponto, e puxando a brasa à minha sardinha, há muito que defendo que o farmacêutico pode ter um papel importante junto da comunidade, não só na transmissão de conhecimento, na consciencialização, como no auxílio da adoção de estilos de vida saudáveis. 

Por último, é necessário um investimento na investigação científica nacional. Portugal investe muito pouco em ciência... Ao invés, forma muito bons profissionais que acabam por cair no desemprego e na precariedade. E depois exporta-os, sem receber nada em troca. O panorama seria bem diferente se valorizassem e olhassem para a boa ciência que se faz por cá, para as boas cabeças que cá temos, como receita e não como despesa...


Para terminar... Antes de ler a revista tinha pensado partilhar uma crónica do Lobo Antunes que li há uns tempos, em jeito de homenagem a todos os Heróis das salas de quimioterapia. Partilho-a à mesma. É tão real como bonita. 


3 comentários:

  1. Quando for grande quero ser como tu :) Super M :)

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  2. Olá Margarida!
    Sei esta crónica praticamente de cor, porque quando foi diagnosticado o cancro à mãe do meu namorado lia vezes e vezes sem conta.
    Queria que soubesses que pensamos muito em ti, que estamos a torcer por ti, e a mandar-te energia positiva. E quando chegar o seu tempo, não te esqueças que és o último membro do grupo dos peregrinos, e cá estaremos todos para celebrar a tua vitória.
    Beijinho meu e do Filipe Furtado
    Maria Gil.

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    1. Maria, desculpa a demora na resposta.
      A crónica tocou-me profundamente, desde o primeiro momento que a li. imagino que tenha tido o mesmo efeito em ti!
      Hoje voltei a receber um beijinho vosso através da Laura. Obrigada pelo vosso carinho :)
      E porque "o destino destina mas o resto é comigo", espero em breve juntar-me aos peregrinos para um jantar de celebração. E que seja o primeiro de muitos!
      Beijinhos*

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