segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Diagnóstico - Parte I

Antes de mais, deixem-me que vos tranquilize. Estou impecável e de volta ao ativo. Resolvi dar uma trégua ao blog, uma vez que o Barrabás me deu uma trégua a mim também, proporcionando-me um fim-de-semana sem qualquer tipo de dor. É com satisfação que me apercebo de que tenho seguidores assíduos e que se preocupam se lhes falho. Obrigada por isso! 😊

Queria ter escrito ontem, mas foi-me impossível. Queria ter escrito ontem porque fazia sentido ter sido ontem. Ontem fez 2 meses que esta aventura começou. Fez 2 meses que fui internada nos HUC e 2 meses que passei a ser uma não-fumadora. Já lá vamos...

Para já, preciso explicar como funciona o último ano de Ciências Farmacêuticas na FFUC. Não é um ano difícil, mas é um ano trabalhoso. Temos 9 disciplinas. Sim, perceberam bem, 9 disciplinas num semestre que, ainda por cima é mais curto que o normal. Os exames começam em novembro e acabam a meados de Dezembro. Ou seja, 9 cadeiras para arrumar em, sensivelmente, um mês. Uma delas, a opcional, fiz por trabalho; outra já a trazia feita do ano anterior. Tinha por isso 7 exames para fazer. Por mais acessíveis que sejam algumas disciplinas, outras não são assim tão fáceis e apresentam um volume de matéria assustador... 
Eu estava em pulgas para acabar o curso, por várias razões. A primeira delas é o facto de andar nesta vida há 10 anos. Primeiro Biologia, depois Farmácia, que foi o que sempre quis. Estou farta de estudar, quero, desesperadamente, andar com a minha vida para a frente. Vejo os meus amigos a saírem de casa, a ter empregos estáveis e (alguns) bem remunerados, a casar, a ter filhos... Não sinto, propriamente, o relógio biológico a dar horas (Pedro, relaxa) mas ter 28 anos e continuar na vidinha de estudante universitária não era o meu sonho!
Para além disso estava entusiasmadissima com os estágios. Tinha escolhido fazer estágio em farmácia hospitalar para além dos 4 meses de estágio na farmácia comunitária. Finalmente ia conhecer essa realidade com mais pormenor e que tão altas expectativas criava em mim!
Por último, tinha descoberto uma área, dentro das ciências farmacêuticas, que me interessava profundamente. Consegui, inclusivamente, que uma das professoras dessa área aceitasse ser minha orientadora da monografia que temos de apresentar no final do curso.
Havia data para tudo, tudo mesmo. Só me faltava ter data para a apresentação final de curso, que seria em Setembro deste ano...

No fim de semana que precedia o início da época de exames tive os primeiros sintomas. Estava com a minha amiga Laura na FEUC, a única faculdade cuja biblioteca está aberta ao sábado. Sentia dores no lado esquerdo das costas quando tossia. Já em casa apercebi-me de que, de cada vez que tossia, havia sangue. Não muito, mas havia. Convenci-me de que o esforço que fazia ao tossir tinha levado ao colapso de algum vaso sanguíneo mais frágil, nada do outro mundo. No dia seguinte, já na sala de estudo da AAC, comentei as dores com a Laura, lembro-me como se fosse hoje. Disse-lhe que achava que estava a fumar muito nos últimos tempos e que precisava de diminuir a carga tabágica, o que não era fácil em tempos de stress... No dia seguinte, optei por uns cigarros slim, aqueles super fraquinhos que as mulheres fumam, em detrimento do Ventil habitual. Sim, eu sei, não fazia a festa por menos! Nesse dia as dores aumentaram, doía a tossir, doía quando respirava fundo. Na segunda-feira entrei em pânico: o simples facto de respirar causava dores, mas eu não tinha tempo de ir ao hospital porque o exame era na quarta e eu tinha de estudar!!

Liguei às minhas amigas médicas. Tenho muitas, mas há três, já formadas, em que confio plenamente. O diagnóstico de pneumonia atípica era unânime. Dão-me antibiótico e recomendam-me que vá ao hospital se os sintomas agravarem. Na manhã seguinte, sentia ainda mais dor e resolvi mesmo ir à urgência. No caminho ainda me encontrei com a Carol para trocarmos e fotocopiarmos apontamentos. Estacionei na faculdade e no caminho para o hospital fumei o último cigarro, às 11 da manhã.

Fiquei horas naquela urgência. A primeira médica que me viu decidiu mandar-me para a urgência de pneumologia. Os médicos e enfermeiros andavam numa azáfama... Eu sentia-me invisível naquela cadeira. Esperei, estudei e voltei a esperar. Quando me chamaram eram 18.30h. Finalmente!! A médica vem-me com uma conversa estranha de que há uma mancha suspeita no meu raio x e enquanto não descobrirem o que é vou ter de ficar internada. Como? Oh Sra Doutora, eu tenho exames, 2 esta semana, não posso ficar internada! "Esqueça os exames, agora vai ter de cá ficar".
Olha agora, a minha vida a olhar para trás... Mal eu sabia que ia faltar logo a 3 e ia passar 10 dias num hotel chamado CHUC!



4 comentários:

  1. Pensa nisto como uma pausa nos exames e estudos... Daqui a nada estás de volta à rotina diária e a fazer todos os exames que esperam por ti. Neste momento o mais importante é vencer esta batalha �� beijinhos �� Sónia Dias

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    1. É verdade Sónia, agora consigo ver as coisas dessa forma!
      Um beijinho

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  2. Independentemente da data em que a monografia seja feita, tenho a certeza de que será efectuada de forma brilhante, e com o sucesso habitual a que a Margarida nos habituou.

    Hoje, amanhã, para o mês que vem ou em Setembro, o que interessa é que vai ser feita, e com muito gosto...pelo menos da minha parte :)
    Será mais uma vitória :D entre muitas outras ;)

    Muitos beijinhos

    Ana Miguel

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    1. Obrigada Professora, é bom saber que posso contar com a Professora sempre.
      Um beijinho grande :)

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